23.10.04

Quando o mundo é imundo!

O mundo está diferente, está totalmente diferente...
O barulho das buzinas, dos carros, das pessoas, toda a frenética agitação de um dia comum.
Em outras épocas isso tudo passaria despercebido, seria absorvido naturalmente.
Hoje as buzinas me agridem e o sol que começa a esquentar me incomoda.
Que direito tem as pessoas e as coisas de estar da mesma forma se tudo mudou, ao menos para mim?

Hoje eu sou assim: alvo atingido por uma bala!
Suo, tremo... e tudo se torna um alívio porque é o início do fim.

Amanhã sim, talvez seja o dia mágico da libertação.
Não hoje, hoje eu não tenho forças.
Só quero chorar...

18.10.04


“Naquela noite não o vi partir. Saiu sem fazer barulho. Quando consegui alcançá-lo ele caminhava decidido, num passo rápido.
Disse-me apenas:
-Ah! aí estás...
E segurou a minha mão. Mas preocupou-se de novo:
-Fizeste mal. Tu sofrerás. Eu parecerei estar morto e isso não será verdade...
Eu me calara.
-Tu compreendes. É muito longe. Eu não posso carregar este corpo. É muito pesado.
Continuava calado.
-Mas será como uma velha concha abandonada. Não tem nada de triste numa velha concha...
Fiquei mudo.
Perdeu um pouco da coragem. Mas fez ainda um esforço.
-Será lindo, sabes? Eu também olharei as estrelas. Todas as estrelas serão como poços com um roldana enferrujada. Todas as estrelas me darão de beber..."